domingo, 1 de julho de 2007

“Não importa onde a águia faça o seu ninho, pois ela sempre será uma águia”.

Acho que esse é o ditado mais idiota que eu já ouvi na minha vida.
Eu detesto o lugar em que eu moro!
Está certo que conheço pessoas que moram em lugares muito piores, mas eu realmente não gosto daqui.
Quando vimos o terreno para comprar nesse condomínio, achamos que estávamos fazendo um excelente negócio, pois estávamos longe da estrada, do barulho, da violência e etc. Só esqueceram de nos contar que tipo de gente moraria aqui!!
A maioria das pessoas do condomínio está mais preocupada com a vida dos outros e se esquecem que também estão sendo vigiados por “outra turma”.
É só sair um solzinho e as pessoas colocam as suas cadeiras nas calçadas para ficarem “conversando”. Não é que seus terrenos sejam pequenos e não tenha espaço nos quintais para que as pessoas possam ficar, pelo contrário, o quintal é tão grande que eu não dou conta de cuidar dele todo. As pessoas gostam mesmo de ficar na rua vigiando a vida dos outros.
Cada pessoa ao comprar seu terreno, se preocupou em fazer uma churrasqueira e uma piscina para suas reuniões familiares, mas o que ocorre na realidade é que o espaço público do condomínio é que é utilizado para tal fim.
Na esquina da minha rua tem uma área arborizada onde as pessoas simplesmente fazem churrasco, feijoadas na lenha e etc.
Não tem coisa mais desagradável do que você sair da sua casa para fazer qualquer coisa e dar de cara com uma “festa particular” na sua esquina! Pior, você não sabe como agir!
Se cumprimenta, parece que está se convidando, se não cumprimenta parece que é metido.
Se a festa é em família, por que as pessoas não ficam de seu portão para dentro?
E as reuniões que fazem entre vizinhos?
Eu nunca vi nada mais desagradável!
Seja dia dos pais, das mães, não importa, sempre tem o grupinho do “vamu si dá bem”. Você leva Skol, acaba bebendo “itaibrava”. Leva Coca-Cola, acaba bebendo tubalina.
Isso sem contar a pior festa do ano: A festa Julina.




A FESTA JULINA




A festa por si já é brega, agora, com o pessoal daqui fica mais brega ainda!!
As mulheres, a maioria, gordas, quando não vestem aquela roupinha característica de caipira, que, aliás, ficam lindas em mulheres com certa idade, vestem seus “lindos” vestidos, sem nem sequer se lembrar que Julho é um mês frio. É realmente um festival do mau gosto!
Cada morador contribui com uma quantia em dinheiro, um prato de doces e um de salgado, 2 refrigerantes e cerveja, se assim desejar. Tudo bem anotado para não dar erro.
Todos os pratos são distribuídos entre todos para evitar transtornos.
Nada disso funciona, nada. O que acontece na verdade é um festival de pastéis de queijo em cima da mesa. E os doces? Todos comprados em lojas! É um festival de paçocas, pés-de-moleque, amendoins...
Você fica morrendo de raiva de ter passado o dia todo na cozinha preparando comidinhas especiais, enquanto a maioria sai e compra qualquer coisa.
A questão da cerveja ainda é mais complicada, pois a gente vai e compra a melhor e recebe um ticket dizendo apenas a quantidade que você entregou e não a marca. Quando vai beber te entregam qualquer porcaria. Isso quando você não demora muito para beber e vai lá buscar e acabou!! Acabou como se você não bebeu?
Sem contar que nessas reuniões, as pessoas começam a beber demais e ai acabam dando o maior vexame!!
Outra coisa que incomoda e muito nessa festa é que aqui é um lugar muito silencioso e eles ligam um aparelho de som profissional e, mesmo que a gente não participe diretamente, acaba participando indiretamente.
A festa só acaba lá pelas 5 da manhã, ninguém dorme.
Eu participei diretamente dessa festa apenas uma vez e foi o suficiente para não querer participar nunca mais de reunião alguma! Até não foi tão ruim assim, pois meu marido ganhou uma panela de pressão na rifa!!!
Cruzes! Acho que para quem freqüentava a Robin Wood na década de 80, ganhar panela de pressão em rifa de condomínio no fim do mundo é realmente fim de carreira para qualquer dondoca!
Mas pensando bem, eu ficaria mais infeliz se ganhasse um conjunto de copos.
O dinheiro arrecadado com essas festas deveria servir para a melhoria do condomínio, mas as contas são prestadas de forma tão irregular que não pode ser sério!
Vi sim algumas atitudes individuais em favor do condomínio, mas essas não saíram do caixa.
Mas, voltando à vaca fria...
O meu condomínio está recheado de evangélicos e, nessas festas, acabam perdendo a linha. Alguns ficam completamente bêbados, irreconhecíveis! Mas pior mesmo é que nem alcoolizados deixam de fazer pregação.
Agora imaginem a situação: pregação evangélica já é chata quando o cara está normal, agora quando o cara está doidão é literalmente um porre!
Como eu nunca apareço nessas reuniões, viro a principal vítima de todos!
Assim que cheguei à maldita festa me analisaram de cima a baixo. Faltou só me perguntarem a marca da minha calcinha.
Por mais que eu tentasse me isolar, sempre aparecia alguém querendo ser simpático comigo.
Passei a maior parte da noite com uma senhora “grudada” em mim, falando sem parar!!
Como eu quase não respondia, ela falava e ela mesma respondia.
Ficava o tempo todo falando que a “gente tinha que se unir mais para resolver os probremas do condomínio” e “que o maior probrema do condomínio era a falta de união” e era um tal de “probrema pra cá, probema para lá” . Eu me senti como se estivesse passando a noite ao lado do Cebolinha da Turma da Mônica.
Por mais que eu suspirasse, olhasse em volta, não abrisse minha boca, a criatura começou a se achar a minha melhor amiga e se sentia o máximo com isso.
Meu marido nessas horas some, lógico. Começa a discutir projetos de desenhos ou coisas parecidas e eu é que fico na podre.
Eu juro que tento ser bem antipática para ver se me esquecem, mas não tem jeito.
Isso sem contar que em festas tem um monte de criancinhas correndo, pisando no seu pé, jogando refrigerante no seu vestido, realmente é uma coisa muito agradável, quando você junta a tudo isso um som bem alto, um locutor analfabeto, umas musiquinhas bem bregas e aquele espírito do “vamos gente, tem que participar”.
Sempre aparece alguém que te empurra para a quadrilha improvisada e você fica a música inteira olhando para os lados e procurando o melhor ponto de fuga.
Esse ano não tem nada que me faça sair da minha casa para participar de uma coisa ridícula dessas!
Ano passado já não me pegaram, mas enviei dinheiro e meu filho também foi, mas esse ano vou me fingir de morta.




Agora pensando melhor sobre o ditado que deu origem a todo esse discurso, acho que consigo interpretá-lo melhor: “Não importa onde a águia faça o seu ninho, ela sempre será uma águia”, portanto ela sempre fará seu ninho bem alto, inacessível aos demais animais.

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