terça-feira, 3 de julho de 2007

Venha para a vida mais saudável, more no campo.

Quem já não ouviu uma besteira como essa e se sentiu tentado a comprar uma casa numa área mais tranqüila?
Pois eu caí na besteira de fazer isso.
É indiscutível que a tranqüilidade existe, pois morando em um grande centro urbano, muitas vezes perdemos o diálogo principal de um filme porque passou um caminhão bem na hora H. Mas, uma pessoa extremamente urbana, como eu, deveria ter imaginado que teria sérios problemas ao mudar-se para a área rural.
Logo na entrada tem uma placa com os seguintes dizeres: “Você está entrando em área de preservação ambiental”.
Você fica todo animado e começa a olhar para os lados, mas tudo que vê é mato!
Eu só consegui ver mato, mas meu marido dizia que era beleza natural, não sei bem o que ele quis dizer com isso, mas concordei, para não parecer idiota.
Compramos o terreno e erguemos a casa, parecia que o sonho estava realizado, mas no pacote “casa no campo” vieram as moscas, pernilongos, abelhas, vespas e uma gama de insetos respeitável!!
Comecei a achar que o excelente negócio não era assim tão bom, mas não iria desistir tão fácil. Comprei um monte de inseticida, pó para matar formigas (que são de formas, tamanhos e cores variadas), veneno para baratas, e outras coisas que o IBAMA não pode nem suspeitar. Quando a casa se tornou mais habitável aos seres humanos, começaram a aparecer os bichos maiores como os morcegos, ratos, gambás e, não poderia deixar de citar, as cobras!
Acostumadas a transitar sem interferências pelos matos, as cobras começaram a estranhar a existência de casas no local e, consequentemente, começaram a invadir. O que nos causou, a princípio um grande susto, depois, fomos acostumando a matá-las e depois elas, por si só sumiram. No começo a gente matava umas 5 cobras por semana, agora, quando muito, aparece uma por ano.
Como todo idiota de cidade grande, todos plantaram árvores frutíferas em seus quintais e isso multiplicou o número de morcegos no local, lógico. Qualquer coisa que e faça aqui vira uma coisa de proporção desastrosa!
Se contar a tal “beleza natural” que cresce para todo o lado mais rápido do que eu consigo dar cabo dela!! E dá-lhe veneno!! A mais maravilhosa invenção que eu já conheci foi o veneno para matar o mato!!
Pronto, agora o quadro estava perfeito: o sujeito se muda para uma área de preservação ambiental e começa a jogar veneno para todos os lados, com medo!
Ainda hoje, apesar de já estar aqui há 9 anos, eu ainda me assusto com os pequenos morcegos que, vez por outra, invadem a minha casa ou quando aquela cobra desavisada sai pelo ralo do meu banheiro, mas já não é um drama assim tão grande!!
Alguns animais, que deixei de mencionar, são muito bonitinhos quando a gente vê no zoológico, à distância, mas quando passam a fazer parte do seu quotidiano são extremamente insuportáveis!!
A primeira vez que vi um miquinho na árvore, achei muito bonitinho, mas a minha vizinha resolveu colocar bananas para que eles se acostumassem com a gente, aí virou uma loucura!
Os micos roubam qualquer coisa que tenha brilho, isso pode ser um espelho, um garfo, ou o seu relógio! O pior é que a gente não sabe para quê eles querem isso ou para onde levam!
Comecei a estudar soluções mais eficientes para combater os animais: Primeiro comprei um cachorro.
O animalzinho tinha a árdua missão de correr atrás de qualquer bicho que entrasse no quintal.
Depois arranjei um gato. O gato fica dentro de casa e garante que os bichos que passem pelo cachorro não saiam vivos.
Conseguimos montar um cenário totalmente urbano em uma área rural!
Com o passar dos anos, outros moradores começaram a ter gatos e cachorros em suas casas, reduzindo consideravelmente o números de pássaros, entretanto, como o condomínio não está totalmente habitado, ainda vemos alguns bichos circulando livremente, mas eu acredito que quando todos estiverem com suas casas prontas, esse lugar não será em nada diferente de outros que vemos em centros urbanos.
Não posso deixar de dizer que eu moro na rua mais “chata” do condomínio, pois aqui ninguém ouve som alto ou faz festa todo final de semana, mas o pessoal que mora na última rua é um bocado barulhento e, volta e meia dá confusão!
Em geral, não é um lugar ruim de se viver, mas a gente tem que aprender a conviver com cada coisa!! Um exemplo claro do que eu estou falando é quando o dono do sítio ao lado esquece a porteira aberta e as ruas do condomínio são invadidas por dezenas de bois e vacas.
Já pensaram que agradável? Você sai de casa pela manhã e tem uma vaca comendo as flores da sua calçada!
Isso quando não é o dono do Haras que esquece o portão aberto, pois os cavalos saem desembestados pelas ruas atropelando todo mundo!
Certa vez, tinha um cavalo comendo o seu matinho tranquilamente quando um garoto resolveu que iria atormentá-lo. O menino e sua vareta cutucaram o cavalo uma porção de vezes até que o animal, enfurecido, resolveu agarrar, com os dentes, o shorte do menino e jogá-lo do outro lado da rua!
Eu que sempre imaginei o cavalo como um animal tranqüilo e amigo de nós seres humanos, naquele dia passei a ter total pavor do animal. Eu passei a ter tanto pavor do bicho que, quando me convidaram para uma “Festa de Peão e Boiadeiro” e a idiota foi, fiquei totalmente em pânico quando começou a exposição de cavalos de raça!
Conforme os cavalos iam chegando e me cercando, eu só conseguia me lembrar da cena em que o menino era atirado pelo cavalo!
Para todos os lugares em que eu olhava só conseguia ver, em cada um animal, uma ameaça. Fiquei tão desesperada que, em cima das minhas botas, cano alto e salto, saí correndo para casa, deixando todos que estavam comigo a minha procura.Decididamente eu não nasci para a vida no campo e nem para freqüentar as suas festas, portanto estou decidia a me isolar até que a vida se torne mais urbana neste local.

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