sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Inventamos a Superbactéria!


Quando eu era criança e ficava doente, minha mãe me levava a um pediatra velhinho, muito alto, careca e com olhos muito grandes e azuis. Esse pediatra gentil me examinava e os remédios que ele me passava eram sempre os mesmos.
Nessa época nós morávamos em Niterói e o médico pertencia a uma clínica em que éramos associados no centro do Rio de Janeiro.
Como o tratamento era sempre o mesmo, minha mãe evitava sair com duas crianças pequenas para ir ao médico que “receitava sempre as mesmas coisas” e muitas vezes nos medicava por conta própria.
O fato é que esse médico “bonzinho” tinha decorado uma lista de antibióticos e receitava-os para quase tudo: Dor de garganta? Ilosone.
Resfriado? Bactrin.
Até eu, que era criança, já sabia o nome do remédio que o médico ia passar.
O fato é que crescemos usando remédios fortíssimos e viramos verdadeiras cobaias nas mãos de médicos que gostavam de resolver o problema o mais rápido possível sem se preocupar em ler na bula os efeitos colaterais ou pensar no que isso faria ao organismo com 10, 20 anos dessa prática.
Outra prática muito comum das mães da época, era o de suspender o remédio quando achasse que a criança estivesse curada. O remédio muitas vezes era suspenso antes que que a doença fosse totalmente curada, causando resistência ao medicamento. Estava sendo criado o supervírus e a superbactéria.
Tinha algumas mães exageradas e que não entendiam muito bem as recomendações médicas e cometiam atrocidades piores. Conheci uma que o filho teve uma compulsão aos 2 anos de idade e o médico recomendou que ela desse Comital para evitar que ele tivesse outra e até os 6 anos ela não tinha suspendido o remédio!
Crescemos sendo infectados pelos antibióticos e remédios fortíssimos e, ao invés de ganharmos imunidade contra doenças, ganhamos imunidade a remédios fracos. Toda vez que ficávamos doentes precisávamos de remédios mais fortes.
Lógico que toda essa “imunidade” foi transmitida geneticamente soa nossos filhos.
Eu mesma tentei tratar meu filho com homeopatia e não consegui. Os remédios não faziam efeito algum nele. Acabei desistindo.
A única coisa que consegui com a homeopatia foi transformar meu filho em hipocondríaco. Hoje tenho que esconder os remédios, pois se estiver ao seu alcance, toma qualquer coisa.
O resultado de todo esse exagero que cometemos há dez, vinte anos atrás essa surgindo agora.
Hoje uma simples infecção urinária está levando mulheres à morte!
Acreditem se quiserem, mas infecção urinária eu tive a primeira vez com 4 anos de idade e ainda estou viva.
Teve uma época que tinha uma todo ano!
Assim que casei tive uma e adivinhem qual foi o tratamento? Antibióticos com corticóides!!
Isso sem contar o tal mosquito da dengue que antes só deixava uns dias de cama e hoje pode matar.
Sem esquecer o tal do rotavírus que dava uma dor de barriga e agora também mata.
Levando em consideração que vírus e bactérias não tem capacidade pensar e desenvolver remédios que os fortifiquem chegamos à duas conclusões: Ou o ser humano se tornou mais frágil ou os vírus e bactérias se tornaram imunes aos medicamentos desenvolvidos por nós.
Estamos morrendo por todo excesso que fizemos no passado!
Eu, provavelmente vou morrer de medo.
Lógico!
Medo de ser picada por um mosquito e morrer de dengue hemorrágica, medo de beber água contaminada e morrer de rotavírus, medo de não beber água o suficiente e ter uma infecção urinária ...
Como não dá para viver no meio do mato sem conviver com os mosquitos, resolvi pedir a identificação de cada um deles antes de ser picada, o que não funciona muito bem, já que as autoridades não sabem de quem é a responsabilidade do mosquito para tirar o seu RG.
Meu marido diz que as larvas do mosquito não chegam a se desenvolver, pois servem de alimento para os girinos das rãs que habitam esse mui honrado local.
Então, vamos criar rãs!!
Eu fico imaginando como seria pegar uma pneumonia hoje. Se pneumonia já era difícil de curar antes, imaginem agora que os vírus e bactérias estão tão acostumados aos nossos antibióticos que cada vez que tomamos um comprimido “eles” nos imploram por outro!!
Porém, se pensarmos bem nos dias atuais, não são só os vírus e bactérias que estão imunes, os insetos também.
Me lembro bem de quando era criança, minha mãe fechava a casa toda e vinha com aquela bombinha de plástico injetando veneno pela casa e dormíamos com tranqüilidade.
Hoje jogo inseticida em aerosol, uso pastilhas térmicas e os pernilongo só faltam fazer fila para chupar meu sangue quando estou dormindo!
Das moscas e formigas eu nem gosto de comentar porque fico triste!
Quando jogo inseticida em uma mosca, ela só falta voltar com um lencinho para guardar uma dose para mais tarde!
As formigas ficam um pouco atordoadas, morrem algumas, mas em poucas horas o formigueiro está refeito!
Não sei o que nos destrói mais, mas tenho certeza de que o ser humano é inapto a continuar nesse mundo, pois até mesmo uma pequena barata consegue sobreviver às nossas tentativas de extermínio.

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