quarta-feira, 6 de maio de 2009

Misto Quente do colégio


Esses dias eu estava com vontade de comer um misto quente igual ao que serviam na cantina do colégio.
Montei o sanduíche, esquentei a chapa e fiz igualzinho ao do colégio e o resultado não foi o mesmo e nem poderia ser.
Além do fato de que tudo que se come quando se é criança ter um sabor especial e que quando guardamos na mente parece ainda melhor, muitos anos se passaram desde de o último sanduíche que comi e as coisas mudaram demais.
Há vinte anos atrás o pão era cheio de bromato de potássio, a margarina cheia de gordura trans, o queijo e presunto eram muito mais gordurosos que hoje.
Não é que eu não seja favorável a uma alimentação saudável, mas acho que a gente não tem mais a opção de encher as artérias de gordura em paz.
Resolvi ir ao mercado e comprar coisas menos saudáveis para uma nova tentativa, mas também foi em vão.
Primeiro procurei o pão de forma mais baratinho na esperança de que fosse mesmos saudável, mas segundo as informações nutricionais, mesmo o pão mais baratinho era saudável, mas resolvi tentar.
Procurei uma margarina que não viesse com aviso de que era ligth, que não fosse com 0% de gordura ou que não tinha gordura trans e, depois de muito procurar, achei uma com aspecto horrível, mas achei.
Era hora de comprar o queijo e o presunto.
Encaminhei-me ao balcão de frios e fiquei observando a qualidade e as especificações de cada queijo e presunto exposto e cheguei à conclusão de que aquele presunto com aquela capa de gordura não existe mais.
Quem nesse mundo, além de mim, gostaria de comer presunto com gordura?
Comprei o queijo mais amarelo que encontrei e o que mais me pareceu com presunto naquela banca.
Chegando em casa fui correndo fazer meu sanduíche já sabendo que não ia ficar igual.
Enquanto comia aquele lanche sem graça, fiquei pensando na vida. Está certo querer uma vida mais saudável, uma alimentação leve, mas será que temos uma vida com sabor?
Será que porque nos alimentamos sem sabor, sem gosto, sem sal, sem açúcar, sem gordura, sem calorias, estamos trazendo isso para a nossa vida?
Será que não estamos nos tornando sem sentimentos porque nos alimentamos sem gosto?
Será que realmente vale a pena viver mais dessa maneira?
Essa pergunta já esteve em minha mente a alguns anos atrás quando um cachorrinho poodle que eu tinha morreu. O bichinho nunca tinha comido nada de gostoso, apenas ração de 2ª, porque era o que dava para comprar e água.
O cachorrinho passou a vida no quintal, sem amor, carinho e recebendo apenas água e ração e, depois de uma chuva, pegou uma doença e morreu.
Não vai demorar muito para alguém inventar ração para seres humanos. As barrinhas de cereais já fizeram parte de minha alimentação durante muito tempo, mas logo comeremos apenas ração como os animais, mas com uma diferença: jamais conseguiremos ser feliz como eles são, apesar da alimentação ruim.

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