sexta-feira, 12 de junho de 2009

Ana e Mia


Hoje em dia é useiro e vizeiro a novelinha “Malhação” apresentar uma menina que sofra de anorexia ou bulimia.
A coisa se desenvolve, a menina faz uma ou duas sessões de terapia e pronto! Está tudo resolvido.
Certamente, mostrar a doença alerta para o assunto, entretanto, o desfeche da história não é satisfatório, pois se apresenta de forma simples, fácil de resolver e isso pode levar as pessoas a não darem tanta importância à doença.
Algumas podem simplesmente se identificar com a personagem doente, entretanto, pode deixar o tratamento para mais tarde, pois não é nada que não se possa resolver.
Na verdade, as duas doenças são muito perigosas e nada fáceis de serem curadas. Aliás, nenhuma doença de cunho psicológico é simples ou fácil de ser curada.
Muitos são os fatores que levam uma pessoa a adquirir as duas doenças, mas todos estão ligados a auto-estima.
A maioria dos psicólogos culpa a ditadura da moda pela existência da doença, pois as mulheres se acostumam a conhecer como “bonito e perfeito” corpos extremamente magros que aparecem nas páginas das revistas femininas.
Eu culpo o preconceito e a intolerância das pessoas pelo surgimento e desenvolvimento da doença, pois se os seres humanos soubessem respeitar as diferenças, certamente nenhuma menina se acharia feia por estar com alguns quilinhos a mais.
É importante saber que uma doença é completamente diferente da outra e que um paciente pode ter sintomas de uma ou, pior, das duas.
A anorexia ou ANA, como é chamada hoje, normalmente ocorre com meninas acima do peso. A menina para de comer, emagrece e ainda sim continua tendo em sua mente a imagem de quando estava “gordinha” e se nega a se alimentar.
O doente não tem uma visão real do seu corpo, portanto não acha que está doente ou que está fazendo algo extremamente destrutivo.
É muito difícil reconhecer um anorético, pois não apresenta nenhum sintoma aparente, além da magreza, mas basta convidá-lo para uma refeição e observar um pouco mais atento, que os sintomas se tornam evidentes.
O anorético coloca pouquíssima comida no prato e, normalmente, folhagens. Dificilmente um anorético colocará em seu prato algo que tenha que mastigar muito, pois o ato de mastigar fará com que se lembre que está comendo e isso lhe causará mal estar.
O anorético pode até colocar em seu prato “coisas” que jamais chegará a comer, mas que estarão ali para não causar qualquer desconfiança em quem lhe acompanha na refeição.
Algumas desculpas usadas para perda de uma ou duas refeições também são muito usadas: “Não tive tempo de almoçar”; “É muito tarde para jantar”; “Não dá tempo para tomar o café da manhã”...
O corpo chega a um ponto em que não tem mais o que perder e a balança começa a “descer” mais devagar, então o anorético passa a usar de subterfúgios para perder mais peso.
Alguns litros de água são ingeridos pelo anorético para que o estômago tenha a sensação de estar cheio. Gomas de mascar dietéticas também são usadas para o mesmo fim.
Suco de limão e vinagre são ingeridos pela manhã para não sentir fome e laxantes para eliminar qualquer vestígio de alimento no organismo.
Não precisamos dizer que a falta de alimentos no estômago e o uso excessivo de laxantes podem provocar graves doenças gástricas e intestinais.
A bulimia, ou MIA, como é chamada, pode apresentar dois tipos de pacientes distintos: O paciente que come demais e acredita que “colocando para fora” irá equilibrar sua refeição e o paciente anorético que se utiliza desse subterfúgio para emagrecer ainda mais.
A bulimia é mais uma doença associada à estética.
Normalmente, pacientes que passam por uma dieta muito rigorosa ou que conscientemente tentam uma reeducação alimentar, mas que, inconscientemente não a desejam, acabam tendo sintomas de bulimia.
A bulimia é mais grave nos pacientes anoréticos, pois além de não se alimentarem ou se alimentarem mal, colocam para fora tudo que ingerem.
Essas doenças, assim como qualquer doença psicossomática, é muito difícil de ser diagnosticada e tratada. Na maioria dos casos, apenas após ser internado por mais de uma vez, o paciente admite ser tratado e, mesmo após o tratamento, não se pode garantir a cura.
Os adolescentes são os que mais sofrem com essas doenças, entretanto não se pode afirmar que uma pessoa com mais idade não esteja desenvolvendo a doença.
Mesmo após um tratamento “eficaz”, uma vez anorético ou bulimico, sempre se deve ficar atento, pois a doença pode voltar ao menor sinal de crise ou adversidade.
A anorexia causa morte em 20% dos casos.
Vamos dizer não à sociedade hipócrita que destrói a mente e os corpos dos nossos jovens.
Vamos celebrar as pessoas normais!

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