quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Um assalto que deu errado





Dona Zilda era uma senhora muito independente: Viajava sozinha de São Paulo para o Rio de Janeiro sempre que um neto fazia aniversário ou quando a saudade apertava.
Toda vez que estava no Rio sua filha alertava sobre o perigo da cidade e pedia para que tomasse muito cuidado com a bolsa e para que deixasse “o maldito relógio de ouro” em casa.
Dona Zilda dizia para a filha não se preocupar porque ela estava sempre atenta e que seu relógio era tão pequeno que ninguém nem notava.
Naquele dia, Dona Zilda tinha decidido que iria para o centro passear e comprar umas “lembrancinhas” para levar para os amigos em São Paulo, já que a data da sua volta já estava marcada.
Como de costume, sua filha alertou para o perigo de andar sozinha e pediu, mais uma vez, para que ela deixasse “o maldito relógio” em casa.
Decidida, Dona Zilda repetiu para a filha que sempre andou sozinha e estava atenta a tudo.
Como estava acostumada, colocou em cima da cama a roupa, o relógio e a bolsa, deixando no chão o sapato que iria usar. Tomou seu banho e pegou seus pertences e foi para as compras.
Passou o dia procurando por coisas que não encontrava em sua cidade, mas não comprou nada muito caro, pois só afilhados, tinha 19.
No final do dia pegou o ônibus para casa, como de costume.
Dona Zilda estava sentada na janela e se distraiu com a paisagem quando sentiu algo puxar o seu braço esquerdo, olhou e viu que seu relógio tinha desaparecido. Reparou que o rapaz sentado ao seu lado guardava algo em sua mochila.
Dona Zilda olhava para seu braço, encarava o rapaz ao seu lado – que desviava o olhar em atitude suspeita – e não conseguia acreditar no descaramento do rapaz.
Depois de algum tempo Dona Zilda resolveu reagir e pegar seu relógio de volta, pois ela não agüentaria a sua filha olhando para ela “cheia de razão”.
Dona Zilda olhou para o rapaz e falou com um olhar mais do que sério:
- Eu sei o que você fez.
O rapaz olhou para aquela senhora desconhecida e fez aquela cara de: “Será que é comigo?”
Dona Zilda estava realmente decida. Olhou de novo e falou:
- Eu não vou fazer escândalo. Não quero que te machuquem. Vou falar apenas uma vez. Eu vou abrir a minha bolsa, você coloca o relógio dentro e desce no próximo ponto.
O rapaz sem entender pergunta:
- Como?
Dona Zilda responde:
- Como eu falei da primeira vez. Você coloca o relógio na minha bolsa e desce no próximo ponto. Para você não ficar com vergonha eu abro a bolsa e olho pela janela enquanto você faz o certo.
O rapaz fez tudo como Dona Zilda mandou.
Quando chegou a casa, Dona Zilda resolveu contar a sua “aventura”.
Quando terminou, sua neta contou que havia algo errado, pois o relógio de sua avó estava em cima da cama.
Dona Zilda correu para o quarto que ocupava quando estava na casa da sua filha e ficou espantada ao ver o seu relógio em cima da cama.
Dona Zilda abriu a bolsa e soltou um grito de desespero:
- Eu o assaltei!
Todos na casa não entenderam nada, mas Dona Zilda continua a olhar para a sua pequena bolsa e repetir:
- Eu o assaltei! Eu assaltei o rapaz!
Depois de ficar desconsolada por alguns momentos, Dona Zilda deixou seu corpo despencar no sofá e sua bolsa cair no chão.
Mariana, neta de Dona Zilda, resolveu olhar a bolsa da avó e ficou surpresa ao ver um enorme relógio masculino dentro dela.
Após a estranha aventura, Dona Zilda resolveu ficar em seu quarto até o dia da sua partida.
A família fez o possível para localizar o pobre do garoto. Até anúncio no jornal colocaram, mas infelizmente não foi possível.
Meses depois, quando Dona Zilda retornou ao Rio de Janeiro, não possuía mais o relógio de ouro, decidira vender e repartir o dinheiro entre os netos.
Quanto ao relógio roubado, bem, este continua guardado como prova da grande aventura vivida por Dona Zilda.


4 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  2. Há muitos relógios "roubados"
    guardados nas minhas gavetas.

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  3. Katia vim conheceer seu blog através desua postagem da foto e uma história. Gostei daqui e voltarei!
    bom domingo
    Jussara

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  4. hahahaha uma história muito boa!! Grande aventura!! E ainda um assalto sem armas! ;) Beijus,

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